Abate e Transformação de Carnes
No início do século passado o Montijo, então “Aldeia Galega”, tinha-se transformado num entreposto importante de receção de porcos oriundos do Alentejo com destino à capital, o que induziu a implementação de um número crescente de matadouros, todos eles bastante rudimentares.
Os porcos eram trazidos do Alentejo, prontos para o abate ou em leitões, e posteriormente engordados no Montijo com desperdícios hortícolas. Isto reflete uma tendência, que se generalizou por toda a Europa, de construção dos matadouros junto aos grandes centros consumidores, sendo os animais transportados para consequente abate. Assim, dá-se primeiro a concentração de matadouros e, posteriormente, surge a necessidade de aproximar a produção aos locais de abate devido aos elevados custos que o transporte representava, evitando as grandes quebras de peso e mortalidade decorrentes deste processo. Este segundo movimento deu origem às malhadas que proliferaram um pouco por todo o concelho, tirando partido das casas de abate já existentes.
Em 1906, haviam já cerca de 100 casas pequenas e 20 matadouros particulares, onde eram abatidos cerca de 30.000 porcos por ano, quantidade que seria fortemente incrementada com a entrada em funcionamento do ramal ferroviário em 1908.
Em 1952, o Montijo era considerado um dos maiores centros fabris e comerciais da Margem Sul do Tejo. Existiam nesta altura cerca de 36 unidades entre grandes e pequenas oficinas, que preparavam e conservavam a carne de porco. Anualmente abatiam-se cerca de 70.000 porcos, atividade que, na altura, ocupava mais de 1200 operários.
Em 1984 existiam 25 unidades deste setor no ativo, mas com a publicação do regulamento dos matadouros (Dec.-Lei 304/84), foram muitas as fábricas que se mostraram incompatíveis com as novas e rigorosas exigências higio-sanitárias de laboração, impostas a partir daquela data por imperativos comunitários.
Os custos de adaptação mostraram-se quase sempre elevados e foram considerados incomportáveis pela maior parte dos industriais do setor.
Quatro anos mais tarde, em 1988, o número de fábricas reduzia-se a menos de metade. Para além destas novas regras, havia que fazer face também à forte concorrência dos produtores dos outros Estados Membros Europeus, que, pelos preços que praticam, exigem a máxima eficiência a todos os níveis, quer na produção e promoção dos produtos, quer na sua distribuição.
Atualmente, existem três grandes fábricas de transformação de carnes no concelho, RAPORAL S.A., IZIDORO e CARMONTI, apetrechadas com moderno e sofisticado equipamento, onde as condições higio-sanitárias são respeitadas, o que lhes foi reconhecido pela homologação das suas exportações para a União Europeia. Existem ainda pequenas empresas a laborar nesta atividade, embora sem grande expressão em termos de volume de produção.