“Povo sem medo” homenageado em mostra fotográfica
Teve lugar no dia 8 de abril, a inauguração a exposição de fotografia “Diáspora do Povo Sem Medo”, de Sérgio Morais, no Museu Municipal Casa Mora. Num momento marcado pela invasão russa à Ucrânia, a inauguração da mostra fotográfica foi um momento emotivo. As palavras paz, democracia e solidariedade foram entoadas em português e ucraniano. Duas nacionalidades manifestaram o mesmo desejo: o fim da guerra e justiça para as vítimas.
A inauguração da mostra contou com a presença do autor, do presidente da Câmara Municipal do Montijo Nuno Canta, do primeiro secretário da Embaixada da Ucrânia em Portugal, Oleksandr Prokopiuk e de muitos dos fotografados por Sérgio Morais, entre outras entidades e convidados, portugueses e ucranianos.
“Quero manifestar pessoalmente toda a nossa solidariedade para com o povo da Ucrânia. Montijo está convosco e podem contar com o nosso apoio” afirmou
o presidente da Câmara, Nuno Canta, agradecendo a presença do primeiro secretário num momento que considerou de “grande infelicidade para o mundo e, em particular, para o povo ucraniano”.
Agradecendo a Sérgio Morais ter aceite o convite da autarquia, o presidente afirmou que “a mostra representa as diferentes regiões da Ucrânia e ao mesmo tempo todo o seu povo. É essencial que todos tenhamos uma atitude solidária de ajuda e compaixão para com as vítimas e dar-lhes a justiça que lhes é negada. Celebramos a resistência de um povo sem medo. Com esta exposição damos voz ao povo martirizado.”
O primeiro secretário da Embaixada da Ucrânia em Portugal agradeceu as palavras do presidente da Câmara referindo que “a guerra tem um nome: agressão da Rússia contra a Ucrânia”. Lamento que estejam a ser “cometidos muitos crimes das forças russas contra civis”.
“Agradeço a todos, ucranianos e portugueses, que ajudam e apoiam a Ucrânia nesta guerra. Sem o apoio de todo o mundo nós não podemos vencer esta guerra, precisamos de ajuda humanitária e militar” afirmou Oleksandr Prokopiuk.
O autor da exposição, casado com uma ucraniana e com ligações próximas a esta comunidade, explicou que as fotos que dão azo a esta exposição surgiram numa fase pré invasão com o objetivo de desmitificar “alguma propanganda que circulava em alguns meios que ligava a população ucraniana, em Portugal, a correntes fascistas. O que era contra tudo o que eu via: um povo trabalhador. O emigrante perfeito que tão bem me recebeu e acolheu”.
“Na altura houve esta vontade de humanizar, de tentar mostrar o porquê deste nacionalismo, do orgulho nos trajes e nas tradições tão bonitas” referiu o fotógrafo que confessou o seu espanto quando um anúncio no Facebook que suscitou “em poucas horas o interesse de centenas de ucranianos em Portugal que queriam ser fotografados. O resultado está exposto nestas paredes”.
Ao abordar o clima de terror que a guerra despoletou, Sérgio Morais não escondeu a tristeza e a dor e fez questão de referir, emocionado: “sinto orgulho pelos portugueses que têm sido incansáveis na solidariedade e, aos ucranianos, que participaram nesta exposição deixo o meu agradecimento. Estes quadros, já não são meus. Representam a Ucrânia e o espírito ucraniano”, disse.
A inauguração da exposição contou ainda com o testemunho na primeira pessoa de, Lyubov Onishenko, refugiada que chegou, há poucos dias, ao Montijo, para se juntar à sua família aqui residente: filha, genro e netos.
“Quando as tropas russas invadiram a minha aldeia destruíram tudo. Vi com os meus olhos tirarem as coisas das casas para depois as destruírem. Matarem as pessoas sem sequer perguntarem nada” contou Lyubov Onishenko que descreveu, em pormenor, a viagem dolorosa e demorada que teve que enfrentar até chegar a porto seguro.
Sérgio Morais captou o amor, a força, a coragem, a dor, a esperança, a fé, a beleza que unem os ucranianos e os vários descendentes residentes em Portugal.
Uma exposição a não perder. De entrada gratuita, está patente até dia 18 de junho de 2022.