Investigação da necrópole de Sarilhos Grandes revela dados inéditos e prossegue em 2019
Os resultados da investigação sobre a necrópole de Sarilhos Grandes foram apresentados no passado dia 27 de outubro, na Galeria Municipal do Montijo, numa conferência onde a equipa de investigadores e a Câmara Municipal do Montijo revelaram a intenção de dar continuidade à investigação durante o ano de 2019.
Na conferência “Sarilhos Grandes na Expansão Portuguesa”, a equipa de investigadores, liderada por Paula Pereira, explicou e evidenciou alguns dos dados obtidos, entre os quais a presença de restos alimentares que revelam amido de batata. Este é um dado novo que deixou surpreendido os investigadores, porque dois dos esqueletos exumados em Sarilhos Grandes foram datados de 1324-1625 e a data mais antiga conhecida da introdução da batata em Portugal é de 1643 (sendo certo, que na Europa os dados históricos apontam para a introdução da batata em 1567).
Outros dados de grande relevo histórico estão relacionados com a presença do fungo Candida albicans e do parasita Trichostrongylus, que foram identificados pela primeira vez em Portugal nos indivíduos exumados em Sarilhos Grandes.
Paula Pereira salientou, ainda, que estão a ser desenvolvidos os procedimentos necessários para dar continuidade à investigação durante o próximo ano, através da exumação da sepultura de Rui Cotrim de Castanheda, capitão da 2.ª armada de Vasco da Gama à Índia. Os investigadores e a câmara municipal pretendem, assim, recolher dados que validem os resultados já obtidos, criar um campo/escola de arqueologia, envolvendo a comunidade e perceber melhor o papel dos sarilhenses e dos habitantes de Aldeia Galega do Ribatejo (hoje Montijo) na Expansão Portuguesa.
O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, realçou que a investigação da necrópole de Sarilhos Grandes exprime “bem a identidade histórica do Montijo e constitui-se, hoje, como uma referência insubstituível na investigação académica nos campos da arqueologia, botânica e biologia. O património cultural que nos foi legado tem de continuar a ser conhecido e valorizado porque constitui condição essencial para a construção do nosso futuro coletivo”.
Em 2008, no decurso de uma intervenção da SIMARSUL, foi realizada uma escavação arqueológica de salvaguarda no Largo da Igreja de Sarilhos Grandes que incidiu sobre a necrópole (cemitério) da Igreja de São Jorge e Ermida de Nossa Senhora da Piedade. Foram exumados 21 esqueletos e, desde então, tem sido realizada investigação bio arqueológica para analisar os vestígios recuperados.
Para além da conferência de divulgação dos resultados, na Galeria Municipal está patente a exposição “Sarilhos Grandes Entre Dois Mundos: o Oriente e o Ocidente”, que centra atenção nas informações obtidas pela investigação e na participação direita de sarilhenses e montijenses na Expansão Portuguesa.